sábado

A Grande Guerra

A Primeira Guerra Mundial inicia a Era das Catastrofes de Hobsbawm e é, na memória de britânicos e franceses, conhecida como a "Grande Guerra". Ela foi mais traumática e terrível do que a Segunda Guerra Mundial na memórias de muitas pessoas, porém dificilmente ouvimos falar da Grande Guerra, porque? Com certeza a proximidade da guerra de ideologias é um dos fatores, mas não explica. Sabemos mais do império de Augusto do que do século X. Um dos grandes fatores está na Indústria do Holocausto, é impressionante a quantidade de filmes, documentários, filmes e revistas que retratam os bizarros campos de concentração de Auchwitz e Treblinka e, por consequencia, acabam por produzir por outras temáticas também. Outro grande fator é a ascenção dos partidos autoritários de extrema esquerda e de extrema direita, que fascinam inúmeras pessoas no mundo todo e ainda tem inúmeros adeptos.
Na Primeira Guerra Mundial a tecnologia militar ainda engantinhava. Apenas os submarinos tiveram eficiência importante, principalmente para desabastecer o inimigo destruindo navios de carga. Os blindados, inaugurado por britânicos, não foram eficientes pela rudimentarização e pela falta de manuseio dos generais. Aeronaves eram extremamente leves, fragéis e de uso perigoso, os alemães ainda tentaram usar estranhos balões com forma de charuto para bombardeio, mas não foram eficazes. A Grande Guerra não contava com macabros campos de concentração e o espírito do General Clausewitz ainda paraiva sobre os exércitos, existindo um respeito infinitamente maior com a população e os prisioneiros do que na Segunda Guerra. Então, porque, para muitos, a guerra de 14 é pior do que a de 39?
A Grande Guerra era travada por trincheiras e com pouquissima mobilidade na Frente Ocidental ,que se situava proximo ao rio Marne, alguns quilometros de Paris e cortavam toda a França, de Flandres a Suiça, deixando boa parte da França Ocidental e Belgica para os alemães. "Essa era a "Frente Ocidental", que tornou a maior máquina de massacre provavelmente sem precedentes na história das guerras." Eric Hobsbawm, A Era dos Extremos. As trincheiras eram buracos cavados no solo em forma de túneis bem profundos, as paredes eram sustentados por toras de madeiras e haviam sacos de areia e telas e teias de arame farpado na barricada voltada para o inimigo. "Entre as trincheiras havia um "território de ninguém", um caos de crateras de granadas inundadas de água, tocos de árvores calcinadas, lama e cadáveres abandonados."Idem. Os homens ficavam longos perídodos nesse local infernal e apertado, passando dias ou semanas sob fogo de artilharia. Um olhando para o outro, convivendo com doenças, muito calor no verão e muito frio no inverno, umidade, cadáveres apodrecendo, medo, angustia, ratos e piolhos. Um inferno digno dos campos de concentração nazista. Mas isso ainda não era o pior, quando um dos dois lados decidia tentar romper a frente inimiga, milhares de homens saltavam as barricadas e corriam contra granadas, rajadas de fuzis e tiros de rifle, uma verdadeira corrida para a morte que fazia com que milhares de soldados caíssem sem vida no chão. A tentativa alemã de romper a barreira em Verdun no ano de 1916 resultou em dois milhões de mortos, um milhão para cada lado. Fracassou. Os oficiais ingleses desacostumado com esse tipo de guerra iam, "heroicamente", na frente de seus pelotões. Eram os primeiros a terem a vida cefeida. Um quartos dos jovens alunos de importantes universidades inglesas foram mortos.
A Primeira Guerra inaugura o conceito de Guerra Total, uma guerra sem objetivo delimitado ou especifico, uma tentativa de subordinar e incapacitar, completamente, o inimigo. A Alemanha queria as colônias inglesas, e isso, é quase, querer o mundo. Uma guerra que foi até a rendição incondicional do país teutão, que lutou praticamente sozinho e ainda teve que ajudar seus aliados e, ainda sim, quase venceu, a máquina de guerra alemã era muito mais poderosa que qualquer outra da época, assim como na Segunda Guerra. Depois dos teutões terem vencido completamente no leste, eles partiram com tudo para Ocidente, rompendo o bloqueio francês e vencido a guerra se não houvesse intervenção dos norte-americanos. Uma guerra que deixou um trauma nos europeus pela sua violência, crueldade e desumanidade. Uma guerra destruiu toda a Europa, que exigiram que a Alemanha pagasse os seus gigantescos prejuízos, mas não destruiu apenas a infra-estrutura dos países europeus, ceifou a vida de uma quantidade inimaginavel de jovens saudaveis em idade militar, e o pior, destruiu o psicologico de inúmeros sobreviventes e observadores da guerra. Os homens saíam da guerra como pacifistas convictos ou criaturas desumanizadas e brutalizadas pela guerra, entre esses, um cabo baixinho, pintor frustado, fã de Richard Wagner e com um estranho gosto para bigodes.
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A Era dos Extremos- HOBSBAWM, Eric.
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Ávilla Q. B. Filho
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11/04/2009 11:48 am
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segunda-feira

Quando a Morte dá Ritmo aos Vivos.

É impressionante como os mortos fascinaram, e fascinam, todas as culturas e sociedades do mundo, independente de espaço ou época. Os povos que deram origem aos gregos e romanos, ficavam no espaço onde estavam enterrado seus ancestrais, eram considerados deuses, e deviam ser respeitados e ritualizados. Faziam inúmeros rituais, incluindo dar bebida e comida ao morto, e seu maior pesadelo era não ter quem fizesse o mesmo por ele, chegando mesmo a criar a instituição da doação em casos da pessoa não ter tido filhos homens. O livro A Cidade Antiga reflete muito bem isso, e traça como essa religião influenciou o direito moderno. Mas não é esse o ponto, quem sabe, num futuro post, depois deu ter dado uma boa relida naquele livro.
Os egípcios, então, chegavam a construir piramides colossais para homenagear e guardar seus mortos mais ilustres, chegando a criar um livro de como seria a viagem do morto no pós-morte e criar maneiras de melhor preservar o morto. Poderia citar como em todas as civilizações a morte tem um papel de destaque, mas, sem dúvidas, nenhuma civilização teve os mortos com tanto destaque e respeito como as grandes civilizações ameríndias. Chega a ser macabro e fúnebre para nossos olhos greco-judaico-cristãos.
Citemos os Incas. A história dos Incas tem ínicio quando os irmãos Ayar saíem de qqosqo(atual Cuzco) com suas irmãs-esposas e um bastão de ouro, onde eles baterem o bastão de ouro e onde ele entrar sem dificuldade, será a sua "terra prometida". Isso aconteceu na antiga cidade de Acamama, Ayer Manco adota o nome de Manco Capac e ínicia a série de líderes e imperadores incas.
A origem da Nova Cuzco, uma cidade imperial digna do poder do soberano Inca, deve-se ao Pachacuti. Organizada em dois pólos; o santuário, o Coricancha e a praça central, o Huacaypata.
O Templo do Sol, divinidade maior dos Incas, ficava no central do Coricancha, local que traduz-se em lugar coberto de ouro, talvez pelo fato de suas paredes serem cobertas completamente de ouro. Este templo abrigava várias divinidades e rituais fúnebres, sendo, também, o local onde colocava-se as múmias de diversas linhagens imperiais.
Nossas fontes não são tão amplas, a maioria provém dos espanhóis do século XVI, havendo algumas discordâncias entre eles. Mas é certo que o culto aos mortos dava ritmo a vida dos vivos. Alternância das germianções, fecundidade, estações e muitas outras. Monumentos funerários serviam como marcos. Nenhuma múmia (huaca) recebia tanto zelo e cuidado, todas as múmias de uma mesma linhagem(ayllu) eram colocadas num mesmo local, seguro e precioso. Os espanhóis se espantavam com a total falta de medo da morte dos Incas, mas isso devia-se ao entendimento de morte dos ameríndios. Para eles, a morte era uma passagem de planos terrestres, sob forma imaterial. Não há parametros entre o pós-morte Inca e Cristão. Eles acreditavam que a força vital das criaturas só acabaria quando o corpo fosse completamente destruído, esse era o maior medo de todos. Quando o Atahualpa foi obrigado a se tornar cristão, sob pena de ser queimado, ele não teve saída, aceitou. Mais tarde, ele seria enforcado em uma emboscada, depois dos espanhóis terem feito uma das maiores faltas de respeito e honra da história.
Manter essa força vital dos corpos exigia muito dos vivos, o huaca sentia mais do que sede ou fome, sentia frio e calor. Mas todos os incas eram extremamente hábeis na mumificação. Mas, ao contrário de outras civilizações, a mumificação não era generalizada. As muitas múmias encontradas no peru deve-se, principalmente, ao cilma extremamente seco da região. O "método natural" consiste em colocar o morto em posição de cócoras na areia ou em uma caverna enrolado em vários fardos de um metro e cinquenta, chegando, ao todo, a pesar várias centenas de quilos. O método cirúgico, extremamente raro, consistia na retirada dos orgãos, cerebro, musculos da perna (eram substituídos por bastões). Depois da retirada, passava-se óleos de várias origens, animais e vegetais, por todo o corpo do futuro huaca. Não há indícios, além dos poucos relatos espanhóis, dessa prática cirúgica. Os mortos davam extremo trabalho aos vivos. Esses deviam alimenta-los; com milho, cobais, coca e chica; nos ayllu com frequencia, além de ter que cuidar da preservação do mesmo. Em contrapartida, se exigia muito deles, eles eram os mensageiros entre os homens e os deuses, deviam falar pela comunidade com os seres sobrenaturais. Entre os gregos, também havia a alimentação dos mortos, que eram os deuses ancestrais que protegeriam e cuidariam da família. Nas frequentes festas fúnebres, os mortos ilustres eram bem vestidos e colocados em poltronas de madeira para desfilar pela cidade. O irmão de Atahualpa, Huascar, teve a idéia de acabar com essa dispendiosa tradição, que via como um pesado cargo para a sociedade, principalmente os mais humildes; porém foi mal visto por todos e foi afogado, não teve direito a vida eterna. Episódio parecido encontramos entre os gregos, quando um general, depois de ter vencido uma grande batalha abandonou os corpos mortos e voltou com o restante. Privar os mortos em combate dos rituais fez com que executassem o brilhante militar.
O grandioso império Inca, que ergueu enormes construções em meio aos andes, prosperando tão bem, ou melhor que, as grandes civilizações européias da época foi derrotado e destruído barbaramente pelos conquistadores espanhóis. Ainda hoje, pela falta de arquivos que devemos ao Pizarro, que fez os antigos bárbaros rolarem em suas tumbas de raiva e inveja.
Esperamos, um dia, entender melhor a cultura e a sociedade das culturas ameríndias.
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A Cidade Antiga- COULANGES, Fustel de
Os incas, povo do sol- DÉCOUVERTES, Galimmard
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Ávilla Q.B Filho
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30/03/2009 09:13 pm
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sábado

Cruxifixo e Sangue na Espanha.

Durante a Guerra Civil Espanhola, quando a Frente Popular formada, majoritariamente por anarquistas e marxistas, tomou o poder surgiu um dos mais sangrentos episódios na história da Igreja daquele país.
Movidos por um sentimento anticlerical sem limites, uma verdadeira paixão pelo ódio da Manipuladora do Povo, os anarquistas e marxistas incediaram centenas de igrejas, fecharam jornais que propagassem ideias clericais e mataram vários membros do clero.
O que torna tão apaixonado o ódio não são as igrejas sumariamente incendiadas, não é o fato de para entrar na Frente Popular a pessoa tivesse que ferir um monte de gesso na forma da suposta mãe do "Salvador", não são as muitas violações de cadáveres do clero que eram estupradas(quando eram freiras) e expostos. O que tornava tão macabro era a maneira com que os seguidores de Marx e Bakunin executavam os papistas.
"Era comum aplicarem-se torturas aos mártires antes de matá-los: espancamentos brutais, vazamento os olhos, mutilações, queimaduras com cigarros, choques elétricos, e mil outras formas de tormento que o ódio diabólico dos marxistas inventava. Aos Frades de Cernera arrebentaram-lhes os tímpanos enfiando-lhes nos ouvidos contas de rosário. Muitos Padres foram queimados vivos, outros foram enterrados com vida depois de terem sido obrigados a cavar suas sepulturas. A uma senhora, mãe de dois Jesuítas, enfiaram pela boca um crucifixo. Não foram poucos os casos de pessoas atadas a um veículo e arrastadas por ele até morrer." Escreveu Orlando Fedeli no seu site-instituição católico Monfort.
Os seguidores de Proudhon, muitas vezes, tentavam, antes de mata-los, corromper, de inúmeras maneiras, os membros da Matadora de Hereges, e, as vezes, as próprias mulheres caídas se compadeciam da situação dos fanáticos.
Houve um caso que o indivíduo teve as irmãs sodomizadas na sua frente, e tanto foram os horrores, que ele pediu para que o executasse para ele não ver o que estava acontecendo. Um dos algozes retirou seus olhos com um punhal.
De onde vem tão apaixonado ódio? Lembremos que a Espanha ainda é um dos países mais católicos do mundo, e que nela, o instrumento de opressão ideológica da Igreja foi fortíssima e a Santa Inquisição Espanhola foi a mais vil e cruel.
A Santa Inquisição surge com duas bulas papais, a "Licet ad Capiendos" do papa Gregório IX e a "Ad Extirpanda" do papa Inocêncio IX. A partir desses pontos, a Igreja passou a julgar, torturar e, algumas vezes, executar pessoas denominadas heréticas.
Inquisidores tinham que ser doutor em Teologia, Direito Canônico e Civil. Tinham que ter, minimamente, quarenta anos de idade( estranho não terem colocado trinta e três.)
A Inquisição partia do suposto da culpabilidade, ou seja, alguém era considerado culpado até que provasse o contrário. Os prisioneiros não podiam entrar em contato com ninguém, ficando incomunicáveis, e tinha que custeiar sua prisão. A tortura era emitida quando uma maioria no tribunal inquisitório a votava considerando o acusado culpado, mesmo sem a existência de provas, algumas vezes, emitiam a ordem e adiavam-a para assustar o herege e tentar coagi-lo a confessar ou entregar seus colegas. A confissão podia dar direito a liberdade, dependendo do inquisidor e do "crime". A Inquisição, em alguns países, foi relativamente suave considerando a Espanha. Quando os hereges se contradiziam, e em conjunto com as penas, era comum o uso de tortura para retirar a verdade embebida em sangue. O Santo Ofício não importava-se com idade, meninas de treze anos e velhas de oitenta anos podiam ser vítimas de tortura, as penas iam de censuras leves á pena capital( que era executada pelo Estado com ordem da Igreja), flagelação e castigos eram acompanhadas da pena, que, em algumas épocas, podiam ser a participação das Cruzadas. No caso de prisão perpétua, o prisioneiro era mantido a água e pão e ficava completamente incomunicável. A igreja tambem roubava os bens do herético. No caso português e espanhol, quando o filho do demônio conseguia fugir, os Guerreiros do Deus-Sangue queimavam uma imagem do condenado.
Em 1376, o Inquisidor Nicolau Eymerich criou o Directorium Inquisitorium, onde encontramos conceitos, normas processuais, termos e modelos de setença a serem seguidos, e é a partir dessa oficina do satanás que basearemos o que vem a seguir.
Os hereges pertinazes são aqueles que mesmo depois do Tribunal Inquisitório ter acusado-o de heresia e ter usado de todos os meios para faze-lo abjurar de suas idéias, continuam convictos de seu pensar e não querem se dobrar perante a Grande Tirana dos Povos, estes são entregues ao Estado para sofrerem a pena capital, depois de, frequentemente, sofrerem flagelações diversas e ter a boca amordaçada ou a lingua arrancada para não sujarem a platéia sedenta de sangue com suas palavras heréticas. Os hereges penitentes são os que abjuraram de suas idéias e aceitaram a pena imposta pelos Inquisidores, que dependia do tipo de heresia, e as vezes, havia perdão, não encare a Igreja com bondade nesses casos, a Maldita nunca teve direito de julgar nem executar ninguém. Os hereges relapsos eram hereges penitentes que haviam, novamente, cometido heresia. Não havia julgamento, eram entregues ao Estado sem o dom da fala para serem mortos pela espada, enforcamento ou fogueira, como já dito antes, a pena, em quase todos os casos, vinha com castigos e flagelações.
O Directorium Inquisitorium ensina como reconhecer hereges e atitudes heréticas, como a lista é realmente muito grande e não temos interesse nisso, vou citar os casos mais interessantes, que mostram a total falta de respeito a individualidade e ao direito à expressão da pessoa pela Madre Igreja Católica, são: evitar contato com fiéis; ir pouco à missa; se relacionar com sarracenos, judeus ou hereges; não se confessar, não fazer jejum e nem abstinência nas épocas "santas".
Agora, vamos ao melhor, aos métodos de tortura, flagelação e execução amplamente usadas durante a Inquisição, métodos que causariam horrores aos membros mais ativos da Frente Popular. Como não quero transformar o blog num show de horrores, vou apresentar somente as que mais aguçaram meu sangue espanhol, não que as outras sejam menos pérfidas e cruéis.. As Gaiolas Suspensas, gaiolas pouco maior que o corpo do condenado, em que as pessoas eram mantidas, nuas ou semi-nuas, sofrendo queimaduras no verão ou congelamentos no inverno. Morriam, em sua maioria, de fome, sede, infecção ou hemorragia, pois muitas vezes eram torturadas e multiladas para melhor servir de exemplo. Muitas vezes o corpo era mantido na gaiola mesmo depois da morte do condenado, só sendo retirado já em estado de ossos. A famosa Roda para Despedaçar, onde o individuo era amarrado ao centro de uma roda com a barriga para cima e os membros completamente esticados, o verdugo então aplicava duros golpes nas articulações para quebra-las, divertindo a sanguinolenta plateia, mas evitando que matassem a vítima. Depois, o algoz o desatava e o entracelá-va aos raios da grande roda, e ali ficava vivo, por horas ou dias, tendo, várias vezes, o corpo sendo despedaçado e os olhos vazados por corvos e outras aves. Junto com a Fogueira e o Enforcamento, a Roda para Despedaçar era um dos espetáculos mais populares na Idade Média, juntando multidões de nobres e plebeus para se deleciar do espetáculo. O Berço de Judas que consistia em suspender o herético sob uma piramide, e, violentamente, fazer com que ele despenque, dessa forma, o bico afiado da piramide acertava-lhe o ânus, a vagina, o saco escrotal, o cóccix e as últimas vertebras. Poderímos falar da Mesa de Evisceramento, da Cadeira de Interrogatório, da Extensão, do Esmagador de Polegares, das famosas Pêras de Aço, do Garra de Gato, da Submerssão em Azeite Fervendo, da Gaiola de Cravos, da Dama de Ferro e tantos outros metódos de tortura que os criativos clérigos de cristo criaram. Métodos que causariam horrores aos Anarquistas Socadores de Cruxifixo no Ouvido de Padres. Álias, depois de tantos anos de manipulação ideológica e horrores, esses não foram a resposta?
Seja como for, a Religião da Cruz já nasceu predestinada a viver embebida em sangue.
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FEDELI, Orlando- Era Noite na Espanha.
EYMERICH, Nicolau- Directorium Inquisitorium
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Ávilla Q.B Filho
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29/03/2009 08:57 pm
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Sacia-se, Oh Deus, Com Nosso Sangue.


Durante o século XIV, a Peste Negra assolou a Europa dizimando cerca de 75 milhões de pessoas. A doença que tem como o vetor o rato, e assombrou a Europa, a China e o Oriente Médio.
Bocaccio descreveu-a como: "Apareciam, no começo, tanto em homens como nas mulheres, ou na virilha ou nas axilas, algumas inchações. Algumas destas cresciam como maçãs, outras como um ovo; cresciam umas mais, outras menos; chamava-as o povo de bubões. Em seguida o aspecto da doença começou a alterar-se; começou a colocar manchas de cor negra ou lívidas nos enfermos. Tais manchas estavam nos braços, nas coxas e em outros lugares do corpo. Em algumas pessoas as manchas apareciam grandes e esparsas; em outras eram pequenas e abundantes. E, do mesmo modo como, a princípio, o bubão fora e ainda era indício inevitável de morte, também as manchas passaram a ser mortais". A higiene e a estruturação das cidades na época, em que os homens coviviam com seus próprios dejetos, ajudava bastante na propagação da peste. Quanto a mortalidade, Guy de Chaulic, famoso cirugião da época, falava de dois tipos de peste: em uma delas, a vítima apresentava expectoração sanguinolenta, na outra havia febre contínua e inchaço de axilas e vírila. Era tão contagiosa que nem pais e filhos poderiam se ver. Os pobres coitados que havia suspeita de ter peste eram expulsos das cidades por um período de quarenta dias, muitas vezes, instituições clericais abrigavam-os. Os cemitérios já não tinham estrutura para a quantidade de mortos, que passaram a ser empilhados.
A população descreu violentamente. E mais violento, foi a reação das populações perante o que eles acreditavam ser uma verdadeira "Cólera Divina". Judeus, que por hábitos higienicos eram menos afetados pela peste, e foram caçados violentamente, acusavam-os de envenenarem a água, e houve mais de cento e cinqüenta pogroms. De tão violentos e freqüentes, muitos judeus migraram para a Polônia e para a Rússia. Leprosos também eram mortos impiedosamente, acusados de disseminar sua praga, assim como qualquer pessoa que apresentasse algum problema sério de acne. O papa Clemente IX proibiu qualquer represália a leprosos, doentes ou judeus, porém não foi escutado.No desespero da situação, Vossa Santidade chegou até mesmo a permitir a autópsia de cadáveres de mortos pela praga divina.
Nesse caos total, nasceu um movimento religioso, os Flagelantes. Confiantes que estavam passando por uma cólera divina, essas pessoas acreditavam que deviam expiar os pecados do mundo se martirizando em longas e sangrentas procissões. Os Flagelantes, que surgiriam em Perugia na Itália, faziam procissões pelo mundo e ficavam cerca de trinta e três dias em cada cidade, onde entravam em enormes procissões se açoitando com chicotes, cintos e cordas com extremidades cortantes, enquanto oravam e pediam com enorme clamor pelo fim desse martírio, muitas vezes, eles pegavam espectadores para participar do espetáculo de masoquismo e bizarrice. Eles, diretamente ou indiretamente, incitavam as represálias contra judeus e leprosos. Alguns Flagelantes chegavam a morrer devido a quantidade de ferimentos aflingidos por eles mesmos. Com o tempo, as cidades passaram a fechar as mulharas para as hordas de fanáticos e masoquistas, e a Igreja passou a persegui-los, enfraquecendo o movimento até ele extingüir-se naturalmente.
Para se ter uma idéia, em cinco anos, inúmeras cidades ficaram completamente vazias e outras ficavam com dúzias de pessoas. No fim dessa época, o trabalho servil ficou mais escasso, assim, os servos tiveram uma maior libertação dos impostos feudais e exijiam uma maior parte da produção, ajudando o desmantelamento do Feudalismo.
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Ávilla Q.B Filho
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28/03/2009 04:46am
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O Mal de Santo Huberto.

Tentarei montar um leve conto, em que tentarei mostrar minha mais nova descoberta histórica, o verdadeiro horror e a letalidade da Raiva no século XVIII, que quase levou a extinção dos lobos no velho continente.
Guraav de Fewuus era um jovem ferreiro numa pequena aldeia na França, bem próxima a Via dos Lobos, de onde viam lobos da Europa Central. Eram animais formidáveis, chegavam a pesar setenta quilos, com maxilar, pescoço e patas dianteiras extremamente musculosas. Causavam pavor na França e em toda Europa. Uns diziam que eram venenosos, outros que passavam a possessão demoníaca conhecida como " O Mal de Santo Huberto", seja qual for a explicação, a entrada de um lobo ou cachorro com os sintomas do mal causava o um verdadeiro pavor na aldeia ou cidade. Pessoas se trancavam em suas casas, se armavam com o que podiam, havia sinos para alertar a população e o algoz do lobo era pesadamente recompensado.
Guraav era um jovem extremamente corajoso, sua coragem já era tolice. Não podiam colocar sua hombridade á prova, que ele aceitava o desafio.
Em uma certa manhã de sábado, enquanto ele trabalha em ferraduras de cavalos, o sino deu o alerta de perigo. O jovem Fewuus já se preparava para fechar as portas quando viu vários homens correndo de um lobo possesso. Era exatamente como as pessoas contavam, enorme. Latia vorazmente enquanto seus olhos reviravam e sua enorme mandíbula salivava.
O jovem tolo não pensou duas vezes em pegar o seu martelo de trabalho, ainda em brasas, e sair para a rua. O lobo vendo aquela pessoa imóvel parou de perseguir as outras pessoas e virou-se para o jovem Guraav. Sua enorme cabeça se mexia lentamente, como quem procura o melhor angulo para atacar, suas narinas ofegavam agressivamente, como se sentissem o cheiro de sangue do ferreiro, sua enorme mandíbula mostrava as enormes adagas de marfim que vitimaram tantos iguais aquele. E em um piscar de olhos, a fera abriu o enorme maxilar e saltou contra o corajoso. Guraav, que nunca tinha brigado, começou a mexer o martelo no ar na esperança que acertasse o seu algoz. De fato, o martelo acertou as costelas do animal, que com mais raiva ainda, acabou por abocanhar a sua pernas com extrema violência. Ele gritou como nunca tinha gritado antes, largou o martelo no ato, enquanto fera estraçalhava a sua perna freneticamente. As presas estavam fincadas na coxa do ferreiro, enquanto a fera movia a cabeça incessantemente. Graças aos gritos do jovem, outros aldeões, armados com foices e bastões, acabaram por afungentar a besta.
E agora? O que vou fazer? Pensou Guraav. Ele já tinha visto pessoas que pegaram o mal, tinham mortes horrendas. Passavam por um sofrimento gigantesco antes de irem para a terra dos justos. Ele havia ouvido que cauterizar o ferimento, o mais rápido possível e o mais profundo possível, poderia resolver o problema. O jovem francês, então, pediu a ajuda de um amigo ferreiro. Amarraram-o numa mesa, o médico da cidade mandou cauterizar o mais fundo que pudesse, não importando o quanto houvesse gritos. E foi feito. Pela segunda vez no dia, o infeliz conheceu o inferno, mas ó nos primeiros círculos. Depois da "cirugia", o médico receitou que ele comesse cebolas e que pegasse uma galinha, depenasse seu traseiro e colocasse-o na ferida, apertando seu pescoço até que ela abra a traseira para expurgar o mal.
O jovem franco, durantes vários dias, comeu o máximo de cebolas que pôde, e ceifou a vida de inúmeras galinhas. Ouviu falar de uma tal abadia de Rosieres que era considerada um local de cura desse mal, mas era longe e ele estava, temporariamente ou não, coxo. O padre havia dito que rezar cinco pais-nossos, cinco ave-marias, fazer dois sinais da cruz e recitar o glória ao pai faria com que a fera diabólica não o atacasse, Fewuus se perguntou se daria tempo fazer tudo isso.
Passaram-se cinco dias, durante uma noite, o doente sentiu o corpo estremecer e ficou assustado. Não sabia o que fazer, morava só. Guraav começou a comer cebolas violentamente enquanto olhava se havia alguma galinha no seu quintal, não durou muito e começou a perder o controle do corpo. Agarrou um cruxifixo com força, quando percebeu, seu punho havia atravessado a janela de vidro de seu quarto, ensanqüentado-o todo. Numa fúria possessiva, começou a estraçalhar seu quarto com as mãos, enquanto acordava a aldeia com seus gritos estremecedores. Não tardou para uma equipe de homens fortes e um padre chegassem a sua casa, com muito esforço, eles arrastaram o jovem possesso e amarraram-o num enorme pilar que ficava no centro da aldeia, enquanto eles amarravam o infeliz, Guraav conseguiu morder e quase arrancar um pedaço da orelha de um dos seus rapitores.
O jovem Fewuus então emitia um grito que lembrava um rosnado e que misturava agonia, tristeza e raiva. Seu rosto, levantado para os céus escuros, com a boca salivando e suja de sangue, mostrava uma feição que beirava o demoníaco. O padre, olhando para os aldeões que o ajudaram a parar a fera, disse que aquele era o som o do inferno e que aquele era o semblante dos perdidos. O ferreiro almadiçoado então, com o acesso de raiva passando, falou para o padre lhe dar a benção final e que os homens que ali estavam o executasse, ele sabia que não viveria mais do que alguns dias, e não queria sofrer mais. O padre, ex-inquisidor, deu-lhe a benção final e ordenou que um dos camponeses enterrar fundo o bastão de ponta afiada no peito do pobre Guraav. Ele sabia que era contra lei canônica, mas o velho padre e inquisidor, que já viu a morte inúmeras vezes, viu que aquilo era bem pior.
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Ávilla Q.B Filho
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28/03/2009 03:40 am
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Um Clipe Manchado de Sangue.


Em 1945, se finalizava a II Guerra Mundial. Uma guerra que interrompeu a vida de milhões de pessoas, sortudos foram os que morreram rapidamente em campo de combate. Muitos tiveram a vida interrompida depois de um longo sofrimento, e as vezes, nem o privilégio de morrer, tinham.
A II Guerra Mundial é, talvez, a maior recordista no quisito macabro. Inúmeras foram as áreas de atrocidade nessa época, porém essa postagem tem a ver com a ciência da época. Os cientistas do III Reich e os que seguiam o Imperador Hirohito praticaram as maiores atrocidades e macabracidades imaginaveis com seres humanos em nome da ciência.
Inúmeros são os áses alemães em ciência do inferno, mas citemos o, talvez, mais conhecido Joseph Mengele. O Anjo da Morte, como era conhecido em Auschwitz, fez tentativas de "clareamento ocular" injetando tinta azul em prisioneiros do campo, claro, as cobaias acabaram cegas. Mengele ainda tentava unir gêmeos pelas veias da mão, uma tentativa de criar um gêmeo siamês "sintético", a tentiva resultava em infecções gravíssimas e amputação da mão. Todesengel fazia amputações, cortes em pessoas sem anestesia para testar limites de dor. Em teste de hipotermia, quase congelava pessoas e, em seguida, injetava água fervente em seus estômagos para "despertá-las". Alterava bruscamente a pressão e matava as pessoas por pressão intracraniana, as pessoas morriam em horríveis convulsões e, muitas vezes, esfacelavam os rostos com as próprias mãos. O Doutor nas Universidades de Munique e Frankfurt tambem fazia dissecações em pessoas vivas entre outras atrocidades, muitas vezes, no meio do "processo científico" as cobaias imploravam inútilmente pela morte imediata. E, como ele, inúmeros cientistas de Hitler, das mais variadas áreas se utilizaram da vasta oferta de cobaias humanas.
O Império do Sol, apesar de pouco divulgado, fez experiências igualmente nefastas, não me prolongarei, mas os cientistas nipônicos cogelavam partes de pessoas para estudar hipotermia, depois da pessoa ter as pernas e braços amputados, eles usavam o dorso e a cabeça(a pessoa ainda estava viva) para testar armas biologicas e químicas.
Depois que a guerra acabou, os Estados Unidos, para não perder esses cientistas, acobertou-os. Os Ianques não estavam dispostos a matar pessoas com tão vasto conhecimento, eles queriam ter esse conhecimento para si, mas óbviamente, a opnião pública e as pessoas nunca aceitariam. Então, hove a operação Clipe de Papel, com o apoio da Inglaterra, França, Vaticano e até a Cruz Vermelha, esses áses da ciência; sim, eles podiam não ter humanidade, mas eram áses; receberam indentidades falsas, passaportes falsos e fugiram para os Estados Unidos para servi-lo com suas descobertas e trabalhar. Por algum motivo, acredito que por intercessão dos cientistas que começaram a usar sua ciência para os Tio Sam, muitos outros foram salvos nesse esquema. Eichman e Mengele, por exemplo, receberam passaportes falsos e vieram, do Vaticano, para a América do Sul, sem servir os Estados que estavam.
Tavez, essa seja uma das maiores mancha na história dos Ianques, uma mancha vermelha e pútrida, que conta com os gemidos de agonia das milhares de pessoas que morreram nas mãos, diretamente ou indiretamente, dos cientistas do Diabo.
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Ávilla Q. B. Filho
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28/03/2009 01:32 am
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domingo

O Holocausto de Dresden.


Estamos em 13 de fevereiro de 1945, o III Reich já se preparava para dar seus últimos suspiros e Hitler reagia com um louco tentando manobrar seus, já não muitos, homens para o que ele chamava de a "grande ofensiva que viraria o jogo". Dresden, capital cultural do mundo, que não possuía tropas estacionadas, indústrias bélicas ou vantagens estratégicas foi cruelmente afundada pela Real Força Aérea Inglesa, que cometeu não só uma das maiores atrocidades em vítimas humanas da Segunda Guerra Mundial como, talvez, o maior crime de lesa-cultura de todos os tempos.Dresden era um assombro arquitetônico, tudo se inicio quando o principe-eleitor da Saxônia; Augusto, o Forte; que tomado por um sentimento de inferiorirade perante o seu inimigo; czar Pedro, o Grande; que havia construido a majestosa São Petersburgo nos pantanos do rio Neva, e não demorou muito para que nada entre Paris e São Petersburgo se equiparasse a grandiosa cidade do principe da Saxônia, onde havia o majestoso castelo de Zwinger; fabricado em estilo barroco tardio, uma obra de Pöppelmann; que servia como galeria de artes, biblioteca, museu e orfeão musical, um verdadeiro centro da cultura mundial; em que Richard Wagner estreou seu Rienzi, o Navio Fantasma e Tännhauser e ainda tocou a Nona Sinfonia de Bethoveen; o Fürstenzug, um enorme fural feito de vinte e quatro mil azuleijos disposto em cento e dois metros, contando a saga dos principes da Saxônia.Dresden atraia artistas de mundo todo, apelidada carinhosamente de Florença do Rio Elba, repletas de cafés, de estupendos jardins, de academias de arte eletrizadas pelo vai e vem de pintores e músicos, de declamações de poetas e consertos de grandes solistas, em belos locais sempre lotados, onde, ao sons de polcas e valsas, das lieden de Schubert, misturavam-se a proletária cerveja e a nobre champanha. Tudo isto, este entregar-se ao hedonismo, reduzia-se num estilo de vida que consagrou-se pela expressão “boêmia”. Enquanto Berlim representava a coroa e o quartel, Frankfurt o cifrão do dinheiro, Dresden foi, por mais de dois séculos, a favorita da lira e do verso da Alemanha.Em 13 de Fevereiro de 1945 ás 21:30, tudo isso acabou a mando do sir Winston Churchill, que ordenou quase mil lancasters da RAF bombardear a capital cultura do mundo com quase três mil bombas explosivas e incediárias, em seguida os americanos rebombardearam com quase duas mil bombas e algumas de magnésio para atear fogo em tudo, transformando um local de inspiração e beleza nos últimos circulos do inferno de Dante(tirando o último, que era gélido.), uma verdadeira fogueira, que ultrapassou os oitocentos graus celsius; incinerando, asfixiando e dizimando cento e trinta cinco mil pessoas; em sua maioria, idosos, crianças e velhos, já que os homens estavam no fronte; ultrapassando todas as baixas civis inglesas e se esquivalendo aos numeros de Hiroxima. Nos dias seguintes, aviões mosqueteiros da RAF, voando baixo, varreram as estradas vizinhas de tiros, com o intuito de exterminar os não muitos sobreviventes.Eu os apresento, na minha opnião, uma das maiores atrocidade da Segunda Guerra Mundial, a Inglaterra conseguiu destruir um inumero incontavel, num valor inestimavel, de obras de artes e prédios em três dias. Fez pior que qualquer barbaro, mongol, huno ou qualquer outro que venha a ter ateado fogo em bibliotecas ou destruido obras de artes, e igualmente perverso, dizimou a vida de mais de cem mil civis, como já dito, em sua maioria velhos, crianças e mulheres. Radovan Karadzic foi acusado de crimes contra a humanidade por ter sido responsabilizado pela vítimação de oito mil pessoas, discutiremos melhor a questão e punição desse sérvio depois. Julius Streicher, oficial nazista e grande divulgador da cultura anti-semita, no julgamento de Nuremberg, foi questionado se ele tinha consciência do motivo dele estar ali e ser acusado de crimes contra a humanidade, e ele respondeu:" Claro, eu estou aqui por que eu perdi a guerra, se o contrário fosse verdadeiro, vocês estariam aqui e nós seríamos os bonzinhos."
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Para todos, recomendo o filme Dresden-O Inferno
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Ávilla Q.B Filho 30/08/08 05:40pm
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sábado

O Nono Círculo do Inferno


Porque esse título, motivo Satânico? Não, não acredito na existência de demônios, apesar de achar interessante estuda-los nas diversas culturas. Está revoltado com tudo? Muito menos, sou bem resolvido demais com todas as minhas coisas.Então, porque? O titulo "nono círculo do inferno" vem do livro a Divina Comédia de Dante Alighieri, que não é "comédia" por ser engraçado, e sim porque acaba bem, na epoca "comédia" era o contrário de tragédia. O livro é divido em Inferno, Purgatório e Paraíso; a história é a viagem do próprio autor pelo inferno, purgatorio e paraiso; e na sua saga pelo inferno haveria nove circulos do inferno, que seriam uma especie de nove planos, nove "níveis" diferentes, foi Dante que nos cedeu essa visão de inferno tendo fogo, dor e toda essa panarfenália. Sim, e o que tem a ver isso? Bem, o nono, óbvio, é o pior, onde reside os piores demônios, onde os maiores traidores, como Judas, Brutus e Cassius,são justamente punidos e é residência do próprio Portador da Luz, significado do nome de Lúcifer, e ao contrário dos outros oito círculos, no nono faz um frio letal e castigante. Para não deixar todos na curiosidade vou aqui rapidamente simplicar os outros oito círculos, como fiz com o nono. Entre o vestíbulo e o 1º Círculo, está o rio Aqueronte, no qual encontra-se Caronte, o barqueiro que faz a travessia das almas. Porém Dante é muito pesado para fazer a travessia no barco de Caronte, pelo fato de ser vivo. Então Caronte os envia para outro barco. É através deste barco que Virgílio e Dante atravessam o rio.O limbo é o local onde as almas que não puderam escolher a Cristo, mas escolheram a virtude, vivem a vida que imaginaram ter após a morte. Não têm a esperança de ir ao céu pois não tiveram fé em Cristo. Aqui também ficam os não batizados e aqueles que nasceram antes de Cristo, como Virgílio. Na mitologia clássica, o Limbo não fica no inferno, mas suspenso entre o céu e o mundo dos mortos. Na poesia de Dante não se tem uma noção precisa de como se chega lá, pois o poeta desmaia no ante-inferno e quando acorda já está no Limbo, o primeiro círculo infernal.No Limbo, Dante encontra Homero a quem tradicionalmente se atribui a autoria dos poemas épicos Ilíada, que narra a queda de Tróia, e Odisséia, que narra o retorno de Ulisses da guerra de Tróia e suas viagens; Ovidio poeta romano autor de várias obras, entre as quais obras de mitologia como: Metamorfoses; e Horaciopoeta romano lírico e satírico, autor de várias obras primas da lingua latina, entre as quais Ars Poetica.No segundo círculo começa o Inferno propriamente dito. Nesse círculo ficam os luxuriosos que sofrem com uma tempestade de vento. Lá ele encontra Francesca de Rimini e seu amante, que é o seu cunhado.No terceiro círculo os gulosos são flagelados por uma chuva putrefacta e são vigiados pelo mitológico cão de três cabeças, Cerbéro. No quarto círculo desfilam os avarentos empurrando pesos enormes. No quinto círculo ficam os iracundos, imersos em lama ardente do Pântano do Estige. Os insolentes soberbos também.Para atravessar o pântano eles apanham boleia do demônio Etagias, este os deixa na porta da cidade de Dite. Essa cidade tem muralhas de fogo e está na parte mais funda do Inferno, onde as culpas são muito mais fortes e as punições também. Os demônios não querem que Dante nem Virgílio entrem, pois Dante não está morto. Então aparecem as três Fúrias (também chamadas Parcas), e com elas aparece a Medusa, que petrifica quem a olhe. Um enviado celeste chega e abre as portas de Dite.No sexto círculo, Dante e Virgílio recomeçam a viagem por dentro de Dite. Lá eles vêem nos túmulos de fogo os hereges. Os hereges eram queimados em fogueiras quando estavam vivos. Em rios de fogo estão os assassinos, os violentos com o próximo e ficam sendo atingidos por flechas dos centauros. Os violentos contra si mesmos são transformados em árvores. Os esbanjadores são perseguidos e devorados por cadelas ferozes e famintas.No sétimo círculo ficam os violentos com Deus e contra a natureza (os homossexuais). Estão deitados e levam chuva de fogo e os outros além da chuva de fogo ficam caminhando. Os usurários (agiotas) estão sentados e sofrem a chuva de fogo.Saindo da cidade encontram um precipício que não conseguem cruzar, existe um monstro alado, que voa vagarosamente e os leva até o o fundo do precipício e lá eles encontram o oitavo círculo. O oitavo círculo é dividido por dez fossos que são ligados por pontes. Aqui as torturas só pioram e os pecados também. Nas saídas dos fossos há três gigantes acorrentados.Bem, botei o nome do meu blog assim, porque ver que eu trataria, em grande maioria, de história e assuntos relacionados, e como jé me disseram: "A História é o registro das crueldades e desvaneios da humanidade", e como eu acredito tratar aqui dos mais diversos assuntos, em maioria assuntos que eu considere que sejam tratados de maneira hipócrita, errada ou que deviam ser melhor focados, com a maior nudeza e sinceridade possível, tornando, muitas vezes; um blog fúnebre e pessimista, e como diz o comentário do título " e daqui, não como descer", mas como na história do Dante acaba tudo bem, esse humilde autor, quer dar entender que apesar de tudo, vai acabar tudo bem, mesmo que; sinceramente, a história me prove mil vezes o contrário; e que o homem me mostre, a cada dia, que é capaz de ser merecer muito mais do que um possível vigésimo círculo infernal.
PS¹: Caronte, era a pessoa que levava, de barco, as almas para o inferno.
PS²:A imagem no título, de Gustave Doré, é o Cerberus, o cão de três cabeças que vigiava para que nenhuma alma saísse do inferno, as engolindo.

Ávilla Q.B Filho
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31/08/08 00:21 am
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